sábado, 20 de junho de 2009

Mais do mesmo - O Irão e o Futuro

Loureiro dos Santos, no Público de ontem vem dizer aquilo que muitos não querem ver, sobre os recentes acontecimentos no Irão.

Que diz ele? Em resumo, e fazendo copy/paste de algumas frases:

Que mesmo que haja mudanças políticas do Irão as suas orientações fundamentais não sofrerão divergencias substanciais. Os objectivos nacionais do país manter-se-ão intactos. Continuará - porventura acentuar-se-á - a não-aceitação do Estado israelita. Um novo regime, defenderá os direitos dos palestinianos com mais veemência do que os árabes e não desistirá de obter a tecnologia nuclear que lhe permita, desde já, produzir energia e, se considerar necessário, fabricar armas. Não deixará de usar o Hezbollah e o Hamas para ser um actor de peso no Líbano e no conflito israelo-palestiniano. Desenvolverá os seus instrumentos de força militar, especialmente para controlar o Golfo Pérsico e dominar a passagem do estreito de Ormuz.
Estará eventualmente disponível para aceitar todas as fiscalizações da Agência de Energia Nuclear da ONU previstas no TNP, e prontificar-se-á para encarar os EUA e os países ocidentais como parceiros, em vez de inimigos, sem abdicar dos objectivos estratégicos que entende corresponderem à sua História e posição, e que pensa estarem ao seu alcance.
Por fim, que “haja ou não alterações nas cúpulas do regime, será afectada a forma (não a substância) de procurar atingir esses objectivos, passando a ser mais moderada e retoricamente menos agressiva, embora permaneça igualmente firme”.

Valerá a pena, digo eu, tanta indignação com o que se passa no Irão?
Talvez...
Sem a mudança não haverá Futuro para toda esta região; com ela pouca esperança haverá.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Teocracia

Teocracia é um regime em que os governantes pertencem à classe sacerdotal, ou são considerados ministros de Deus, com poderes divinos.
É natural no Oriente, em que a Religião precedeu a Filosofia, como explicação do Transcendente.
Todas as religiões, aliás, têm as suas raízes no Oriente.
No Ocidente não foi assim: A Filosofia teve origem na explicação da matéria, ou seja, na Física. Cedo chegou ao conceito de Logos (Razão) onde incorporou tudo, até a Metafísica. O politeísmo primitivo, que aliás, nunca teve grande impacto no Ocidente, cedo se dissolveu no Mito.
Quando uma Religião de cariz oriental - o Cristianismo, proveniente do Judaísmo - se espalhou no mundo ocidental teve naturalmente de se conciliar com o materialismo dominante.
Por isso, na Europa, e depois nas Américas - de cultura europeia - nunca gerou Teocracias (à excepção dos pequenos Estados Pontifícios, em Itália, e mesmo aí, o Papa governava como um monarca ocidental). Mais depressa um Rei matava um Papa, de que um Papa matava um Rei.
Mesmo a sábia Inglaterra, quando se separou do papado, não colocou no trono o Arcebispo da Cantuária. E o mesmo aconteceu nos outros Estados protestantes.
Mesmo quando a Igreja teve enorme influência - e teve - na História do Ocidente, nunca conseguiu (nem pretendeu) substituir-se ao Estado.
O Cristianismo conseguiu conciliar Deus e a Razão, e houve grandes filósofos cristãos, mesmo entre os membros da Igreja, enquanto no Islamismo, essa questão nem se põe. Não há filósofos islâmicos - creio eu - porque o islamismo nunca produziu uma Filosofia!
O mesmo já não se pode dizer nos povos extremo-orientais onde no Hinduísmo, Budismo, Confucionismo ou Taoísmo, apesar de tudo, existe uma certa componente filosófica.
Daí a nossa perplexidade perante os regimes islâmicos.
É no fundo uma questão de mentalidades, e essas são quase impossíveis de dominar.
No resto do mundo haverá Democracias - ou Ditaduras - no mundo islâmico a Teocracia é o regime natural.
Valerá a pena tentar mudar isto ?
O mais que podemos é tentar impedir que eles entrem no nosso Mundo. Por muito politicamente incorrecto que isso possa parecer. E tentar impedir que, com a riqueza que têm, fabriquem armas com que nos possam eliminar da face da Terra (que é o seu objectivo principal).
Ter pena deles, para quê? É o que eles gostam, é o que eles querem (mesmo quando dizem o contrário).