quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Geração sacrificada

Acabei de ler o livro de Vasco Pulido Valente “Portugal. Ensaios de História e de Política”, que aconselho vivamente, sobretudo os Ensaios que respeitam a Salazar e Marcelo, isto é ao Estado Novo.
Mesmo para quem embirra com o autor, a análise dele é magistral.

Depois de o ler deu-me para reflectir no seguinte:

Os únicos verdadeiros adversários do Estado Novo, Álvaro Cunhal, Mário Soares e Sá Carneiro (por ordem de idades), além da sua forte personalidade, foram todos formados nesse mesmo Estado Novo. Estudaram pelos mesmos livros “únicos”, formaram-se nas suas Universidades.
Só o primeiro foi perseguido. A “prisão” aberta do segundo em Cabo Verde e o seu exílio dourado em Paris, onde continuou a usufruir dos seus rendimentos em Portugal, não conta verdadeiramente. Apenas Sá Carneiro teve a coragem de se bater “por dentro”.
Foram estes os únicos políticos que tivemos em Portugal, antes de depois do 25 de Abril. Um morreu de velho, outro foi assassinado e um ainda por cá anda, mas já sem força nenhuma. Freitas do Amaral, o Delfim de Marcelo, sem o seu mestre, andou e anda aos tombos.
Por isso, só há, e só pode haver, três partidos, os que foram formados pelos três primeiros. Tudo o resto é “capelinhas”.

Perante isto é bom reflectir: que aconteceu à geração que tinha 25-30 anos em 74? Lutou a favor ou contra o comunismo, mas fora disso, pouco mais pôde fazer, dominada como estava por estes três grandes. E agora já não tem idade de fazer o que quer que seja. Em suma, foi uma geração sacrificada, apesar de bem preparada por esse mesmo Estado Novo.

A actual geração, filha do PREC do 25 de Abril, ficou sem preparação, bases ou princípios que lhe permitam ser verdadeiros políticos. Vivem de demagogia, olhando para o próprio umbigo, refugiando-se numa Europa que não existe.

Não vale a pena perguntar de quem é a culpa. É uma realidade. Que fazer?

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